Os significados da eleição (3) O enfrentamento da oligarquia/oligopólio da mídia
O jornalista Luis Nassif publicou um texto em seu blog que aponta como vivemos o fim de um ciclo em que a mídia tradicional pré-digital era a senhora toda-poderosa da opinião do Brasil.
Intitulado O fim um ciclo em que a velha mídia foi soberana, o artigo mostra como novos ventos democráticos enfraqueceram a oligarquia/oligopólio das famílias controladoras das grandes redes. Um punhado de famílias especialmente os Marinho, Civita, Frias, Mesquita e Sirotsky, manipularam a opinião pública brasileira ao longo de décadas.
Temidos pelos políticos, seus órgãos de imprensa permitiram que construíssem impérios econômicos com base no poder de eleger seus candidatos ou destruir reputações.
Três grandes movimentos vão lentamente sepultando essa oligarquia:
1 – O processo de mudança da sociedade brasileira que emerge da redemocratização, com a emergência de uma visão mais crítica da política e da própria imprensa, a consolidação de instituições democráticas e o fortalecimento de redes da sociedade civil.
2 – O aumento das possibilidades de informação propiciado pela internet. Os blogues e as redes sociais virtualmente destruíram o monopólio da informação e criaram canais de comunicação multidirecionais, muito mais potentes que os canais unidirecionais dos meios de comunicação tradicionais. Os modelos de negócio dessas empresas estão fortemente ameaçados.
3 – O estrondoso sucesso do governo do PT e seus aliados, liderado pelo presidente Lula. A maioria dos brasileiros sente-se beneficiada por resultados concretos como a mobilidade social, a inclusão de dezenas de milhões de pessoas ao mercado consumidor, a expansão do ensino superior, os programas sociais robustos, o enfrentamento da desigualdade regional e social, a pequena, mas significativa, redistribuição de renda operada. Depois do auge do “Complexo de Vira-lata” dos anos 90, a esperança e o orgulho nacional foram ressucitados pela política externa ativa e independente, pelo fortalecimento da Petrobrás e da indústria naval, pelo reconhecimento internacional da liderança do presidente Lula. Esse sucesso do governo do PT e seus aliados vale mais do que todas as manchetes manipulativas da Folha, Veja, Estadão e o Globo juntas.
O governo liderado pelo presidente Lula teve algumas ações para enfrentar essa oligarquia. Mesmo tímidas, foram alvo de cerrado ataque dessa mesma imprensa. Espera-se que a vitória de Dilma Roussef permita que essas ações sejam aprofundadas.
A eleição de José Serra seria um desastre para a democratização das comunicações. Sua candidatura, que assumiu a representação das forças conservadoras e de direita no Brasil, ligou-se politicamente a essa oligarquia. Também ligou-se financeiramente, como no caso das assinaturas de revistas da Editora Abril compradas pelo governo do estado de S. Paulo, entre outras.
Durante o próximo governo, a sociedade civil precisa colocar a luta pela democratização das comunicações no centro de sua agenda.
Dois grandes desafios deverão ser enfrentados:
a) Fazer com que essa causa extrapole os meios especializados (jornalistas, blogueiros) e entre na agenda dos movimentos sociais e das organizações da sociedade civil de todos os campos.
b) Superar a resistência dos oligopólios/oligarquias de mídia, inclusive suas tentativas de impor restrições à liberdade na internet.
A mobilização política e o fortalecimento das redes descentralizadas de comunicação deverão ser os principais instrumentos. A eleição de parlamentares comprometidos com a luta pela liberdade na internet e a livre circulação de conhecimento também fará diferença. Esse é um dos motivos pelos quais votarei no deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), que tem sido um dos líderes da luta pela liberdade na internet e inclusão digital no Congresso Nacional.
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