Os significados da eleição (3) O enfrentamento da oligarquia/oligopólio da mídia

18 set 2010 by josé carlos vaz, No Comments »

O jornalista Luis Nassif publicou um texto em seu blog que aponta como vivemos o fim de um ciclo em que a mídia tradicional pré-digital era a senhora toda-poderosa da opinião do Brasil.

Intitulado O fim um ciclo em que a velha mídia foi soberana, o artigo  mostra como novos ventos democráticos enfraqueceram a oligarquia/oligopólio das famílias controladoras das grandes redes. Um punhado de famílias especialmente os Marinho, Civita, Frias, Mesquita e Sirotsky, manipularam a opinião pública brasileira ao longo de décadas.

Temidos pelos políticos, seus órgãos de imprensa permitiram que construíssem impérios econômicos com base no poder de eleger seus candidatos ou destruir reputações.

O I Encontro de Blogueiros Progressistas, em agosto de 2010, foi um marco na mobilização pela democratização das comunicações.

O I Encontro de Blogueiros Progressistas, em agosto de 2010, foi um marco na mobilização pela democratização das comunicações.

Três grandes movimentos vão lentamente sepultando essa oligarquia:

1 – O processo de mudança da sociedade brasileira que emerge da redemocratização, com a emergência de uma visão mais crítica da política e da própria imprensa, a consolidação de instituições democráticas e o fortalecimento de redes da sociedade civil.

2 – O aumento das possibilidades de informação propiciado pela internet. Os blogues e as redes sociais virtualmente destruíram o monopólio da informação e criaram canais de comunicação multidirecionais, muito mais potentes que os canais unidirecionais dos meios de comunicação tradicionais.  Os modelos de negócio dessas empresas estão fortemente ameaçados.

3 – O estrondoso sucesso do governo do PT e seus aliados, liderado pelo presidente Lula. A maioria dos brasileiros sente-se beneficiada por resultados concretos como a  mobilidade social, a inclusão de dezenas de milhões de pessoas ao mercado consumidor, a expansão do ensino superior, os programas sociais robustos, o enfrentamento da desigualdade regional e social, a pequena, mas significativa, redistribuição de renda operada. Depois do auge do “Complexo de Vira-lata” dos anos 90, a esperança e o orgulho nacional foram ressucitados pela política externa ativa e independente, pelo fortalecimento da Petrobrás e da indústria naval, pelo reconhecimento internacional da liderança do presidente Lula. Esse sucesso do governo do PT e seus aliados vale mais do que todas as manchetes manipulativas da Folha, Veja, Estadão e o Globo juntas.

O governo liderado pelo presidente Lula teve algumas ações para enfrentar essa oligarquia. Mesmo tímidas, foram alvo de cerrado ataque dessa mesma imprensa. Espera-se que a vitória de Dilma Roussef permita que essas ações sejam aprofundadas.

A eleição de José Serra seria um desastre para a democratização das comunicações.  Sua candidatura, que assumiu a representação das forças conservadoras e de direita no Brasil, ligou-se politicamente  a  essa oligarquia. Também ligou-se financeiramente, como no caso das assinaturas de revistas da Editora Abril compradas pelo governo do estado de S. Paulo, entre outras.

Durante o próximo governo, a sociedade civil precisa colocar a luta pela democratização das comunicações no centro de sua agenda.

Dois grandes desafios deverão ser enfrentados:

a) Fazer com que essa causa extrapole os meios especializados (jornalistas, blogueiros) e entre na agenda dos movimentos sociais e das organizações da sociedade civil de todos os campos.

b) Superar a resistência dos oligopólios/oligarquias de mídia, inclusive suas tentativas de impor restrições à liberdade na internet.

A mobilização política e o fortalecimento das redes descentralizadas de comunicação deverão ser os principais instrumentos. A eleição de parlamentares comprometidos com a luta pela liberdade na internet e a livre circulação de conhecimento também fará diferença. Esse é um dos motivos pelos quais votarei no deputado federal Paulo Teixeira (PT-SP), que tem sido um dos líderes da luta pela liberdade na internet e inclusão digital no Congresso Nacional.

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