Quem está sabotando o Metrô de São Paulo?

22 set 2010 by josé carlos vaz, 1 Comment »

O desmoronamento das obras do Metrô em Pinheiros: prova de competência é que não é.

Nesta terça-feira, a cidade de S. Paulo viveu momento de caos graças a uma pane no Metrô, entre as estações Pedro II e Sé. Trens foram depredados, passageiros passaram mal, a linha Leste-Oeste foi paralisada

Prontamente, dois quadros importantes da coligação da direita (PSDB-DEM-PPS) passaram a espalhar rumores e insinuações de que a pane seria fruto de sabotagem: o governador do Estado, Alberto Goldman, e uma das coordenadoras de campanha de José Serra, Sonia Francine.

Confesso que surpreendeu-me tanta prontidão para identificar o problema. Ao que consta, Sonia Francine é jornalista,  não engenheira.  Como ela tinha certeza, em poucos minutos, que houve sabotagem? Alguém contou-lhe que a sabotagem iria acontecer? Não me proponho a discutir esse tipo de afirmação. Deixo por conta do desespero eleitoral a motivação para essas declarações irresponsáveis, a menos que escondam fatos ainda piores que nem me atrevo a suspeitar existirem.

A deterioração do nível de serviço do Metrô

Quem usa sempre o metrô já sabe que o serviço tem se deteriorado ano após ano. Para quem não usa, poderia listar aqui uma série de fatos e denúncias, mas creio não ser necessário. Basta pesquisar na internet e terá centenas de referências a eventos desse tipo (clique aqui, para exemplo; ou aqui).

Não bastasse a deterioração do nível de serviço, assistimos, em 2007, ao trágico desabamento das obras da linha 4 do Metrô em Pinheiros.  Justo no primeiro caso de privatização de uma linha de metrô, aconteceu essa barbeiragem de envergonhar a engenharia nacional. O contrato da obra, mal elaborado, dava margem excessiva para que o consórcio mudasse o projeto para reduzir custos. O laudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) apontou 11 falhas graves que levaram ao acidente, responsabilizando o consórcio que ganhou a obra e a operação da linha, além da própria fiscalização do Metrô.

Falar do ritmo lento da expansão do Metrô de SP também não é muito original.  Os governos do PSDB seguramente contribuíram para esse passo de tartaruga na expansão.  Constuma-se dizer que os governos de Covas/Alckimin/Serra construíram apenas 1 km de metrô por ano. Não deve ser muito mais do que isso, infelizmente. Como não faltam recursos para outras coisas, como para duplicar os gastos de publicidade do governo do Estado, comprar assinaturas de jornais e revistas de certas editoras ou  asfaltar as áreas verdes da Marginal Tietê, podemos concluir que alguém decidiu que não precisava ter pressa em investir no Metrô…

O que faz um serviço público que antes era exemplar tornar-se foco de problemas?

A resposta é simples: ou é mal gerido, ou não se está investindo adequadamente nele. Porque não se investe? Ou porque não  é prioritário, ou não se consegue articular os investimentos ou porque se quer sucatear o serviço para privatizá-lo, como foi feito com as ferrovias brasileiras.

Voltando à pane e à sabotagem: na verdade, Alberto Goldman e Sonia Francine têm razão. O metrô é vítima de uma sabotagem. Mas não se trata de obra de um blusa vermelha que,  mal-intencionada, teria sido capaz de abrir uma porta e paralisar o serviço (o que, em si, já seria prova de fragilidade da segurança).  Trata-se de uma sabotagem lenta,  constante e deliberada, feita pela aliança conservadora que dirige o governo do estado e do município, e é a principal responsável pela degradação das condições de vida na metrópole paulistana.

CLIQUE AQUI PARA LER ESPECIAL DO JORNAL “BRASIL DE FATO” SOBRE O TEMA.

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One Comment

  1. Fábio Alves Correia disse:

    O golpe está claro!

    Uma velha técnica de jogar a culpa nos outros!

    Leia:

    http://cloacanews.blogspot.com/2010/09/manifesto-em-defesa-do-golpe.html

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