Mototáxis, proibição de fretados e marginais: em São Paulo, política de mobilidade é “salve-se quem puder”
As semanas recentes foram pródigas em péssimas notícias para a mobilidade urbana em São Paulo. A sucessão de absurdos chega a parecer brincadeira.
Primeiro, o início das obras de ampliação da Marginal Tietê. Segundo o padrão da política de transporte que domina a cidade desde Washington Luís, o governo do Estado e a Prefeitura iniciaram as obras de destruição dos canteiros centrais arborizados da Marginal Tietê, para construir mais espaço para colocar carros em congestionamentos. A fórmula já foi tentada incontáveis vezes, mas os governos não querem aprender com os erros do passado. Construir mais vias para automóveis só aumenta o volume de viagens realizadas por esse modo de transporte. Pode aliviar no primeiro momento, mas logo serão necessárias novas vias, que depois ficarão congestionadas novamente, exigindo novas vias, assim sucessivamente até o dia em que não for possível tirar o carro da garagem.
Segundo a lógica do urbanismo malufista, tão bem acatada pelos governos, nenhuma das novas pistas em construção deve funcionar como corredor de ônibus ou ciclovia. Mais uma vez, milhões são gastos para privilegiar os usuários de transporte individual. E para sinalizar para a sociedade que é isto o que realmente interessa.
Como opção de política de mobilidade urbana, a única coisa a dizer dessa ação é que é uma bobagem que só vai verdadeiramente beneficiar empresas e indivíduos envolvidos na realização das obras. Se formos pensar do ponto de vista ambiental, o que era uma asneira vira uma barbaridade: o custo ambiental da obra é elevado e tem várias dimensões. A obra ampliará mais o nível de impermeabilização do solo na cidade. Quando o que é necessário é criar mais áreas verdes e desimpermeabilizar o solo, faz-se o inverso. O replantio de parte das árvores não resolve o problema, porque não cria novas áreas verdes, apenas adensa outras, como se pode ver nos trechos poupados da própria Marginal, onde encontramos árvores replantadas ao lado de outras já existintes. O saldo final é negativo. A impermeabilização do solo, a ausência de árvores e as avenidas com múltiplas pistas apenas tornam a paisagem urbana mais feia, árida e hostil. O culto à feiúra persiste. Além disso, há a dimensão social. Não se entende que uma cidade feia, árida e hostil não é somente um problema estético. É um problema de qualidade de vida, de saúde e de coesão social. Como podemos esperar um ambiente de paz e solidariedade em um lugar onde quem não tem carro não tem vez?
A segunda notícia triste é o conjunto de barbeiragens em torno das restrições aos fretados na cidade. Além da evidente fragilidade da preparação das medidas, atestada pelas idas e vindas da prefeitura no assunto, o que se evidencia, novamente, é a prioridade dada ao transporte individual. Do ponto de vista da fluidez do trânsito, é inegável que a circulação de fretados, assim como a circulação de qualquer outro veículo, demanda regulamentação do poder público. Mas essa regulamentação não pode constituir um desestímulo a um modo de transporte coletivo em benefício do fomento do transporte individual por automóvel. E as novas normas significam isto, especialmente somadas à farta quantidade de improvisações e procedimentos inadequados que assistimos nestes últimos dias. Isso sem falar na forma autoritária como o processo foi conduzido, culminando na repressão a trabalhadores usuários de fretados, realizada pela polícia e seu gás de pimenta.
Se tomarmos os dois locais da cidade onde a proibição dos fretados gerou mais polêmica, a Av. Paulista e a região da Berrini, veremos que se tratam de locais com alta concentração de empregos e serviços e infra-estrutura de mobilidade deficientes. Se a região da Paulista ao menos conta com um metrô superlotado, a Berrini tem que conformar com uma linha de trem com sérias deficiências de acessibilidade e integração. No caso da Berrini, a tendência será de aumento do número de automóveis circulando, agravando a saturação da área. Mais uma vez, o poder público contribuirá para a degradação de uma área valorizada por suas próprias ações, o que estimulará o capital a buscar novas áreas para investir: talvez os empreendedores da Nova Luz lucrem com isso…
Ficamos com duas perguntas: (1) Será que, ao invés de restringir a circulação de ônibus fretados, não seria melhor restringir a circulação de automóveis? (2) A quem interessam essas medidas?
Por fim, o golpe de misericórdia. No último dia 31 de julho, os jornais noticiaram que o prefeito de São Paulo pretende regulamentar lei criando o serviço de mototáxi na cidade. O vereador Ricardo Teixeira (PSDB), da base de apoio do governo municipal, já se adiantou com projeto sobre o assunto.
Este certamente será um passo decisivo no sentido da ampliação do caos da mobilidade paulistana. A possibilidade de contar com um sistema de transporte civilizado recebe nova punhalada.
Na cidade de São Paulo a média de mortes de motociclistas no trânsito é de cerca de dois por dia. Basta circular dez minutos por qualquer avenida movimentada para verificar que a cidade está saturada de motocicletas ziguezagueando a alta velocidade entre os carros. Acrescentar a essa multidão mototaxistas e seus passageiros é uma sandice. Motocicletas não foram feitas para disputar espaço com automóveis em um ambiente urbando congestionado. Isso é uma improvisação que ocorre em cidades onde não há nem infra-estrutura minimamente adequada, nem governos dispostos a efetivamente garantir a segurança dos cidadãos no trânsito.
Do ponto de vista da política de mobilidade urbana, o sentido de criar um serviço de mototáxi em uma cidade do porte de São Paulo é o abandono de qualquer interesse ou esperança do poder público em implantar um sistema de transporte coletivo decente. É o “salve-se quem puder” institucionalizado. Com o agravante de que este serviço acaba por retirar passageiros do sistemas de transporte coletivo, o que significa redução de receitas e consequente necessidade de ampliar os subsídios e majorar a tarifa do transporte. A cidade, na desastrosa gestão Pitta (na qual o atual prefeito foi secretário de planejamento), já viu esse filme com os perueiros: a incompetência da prefeitura fazia com que os cidadãos se vissem forçados a usar as peruas, com isso menos gente usava os ônibus, que se tornavam menos viáveis economicamente e, em consequência, reduziam a qualidade, forçando mais gente a usar as peruas e assim por diante ladeira abaixo…
A disposição do prefeito a regulamentar o serviço de mototáxi apenas para a periferia é outro ingrediente cruel da receita. Em uma cidade construída para segregar os pobres, esta ação reforçará a exclusão social. Ao invés de oferecer transporte coletivo de qualidade, a prefeitura dará aos cidadãos que vivem nas áreas mais carentes a alternativa de correrem risco de vida sobre os mototáxis. A justificativa disto não pode ser vinculada ao trânsito, pois na periferia também existem congestionamentos e vias altamente carregadas, é bom avisar a quem não conhece a Zona Leste…
A explicação para concentrar os mototáxis na periferia só pode ser estética: A sensível classe média paulistana será poupada de assistir o triste espetáculo de uma cidade que já não mais esconde que abdicou de um transporte público decente; também não será obrigada a presenciar os acidentes fatais no seu caminho de volta ao lar. Mas apenas morrerão os pobres e estes, sabidamente, não importam.
Tags:desenvolvimento, mobilidade urbana, RMSP, São Paulo, transporte, Zona Leste
Te achei no twitter, e achei muito bom o seu texto sobre as medidas absurdas em relação ao transporte na cidade de são paulo! Ainda não li os outros textos, mas com certeza os lerei!
Um abraço,
Excelente crítica aos desmandos da administraçãopaulistana. Esta falta de planejamento, e de cuidado com a cidade é sintomático em muitas cidades brasileiras. Aqui em Porto Alegre também não é muito diferente.
Na minha opinião o que falta é uma instituto de planejamento urbano, como o IPPUC de Curitiba, independente de resulatdos eleitoreiros, que trace metas e objetivos para a cidade. abs
Texto mto bom Vaz. A falta de um planejamento urbano estratégico leva a isto, uma visão imediatista e burra do transporte por parte da direita. Mas o pior de tudo isto foi o papel da grande imprensa, não consegui ver uma única cobertura de forma crítica sobre o assunto. Já sabemos o lado político dela, mas daí ter se eximir completamente do debate é algo vergonhoso.
spinelli jessica scrive:sono una operaia parrucchiera a rischio, è possibile sapere a chi rivolgersi per avere dei fizanniamenti europei per potere rilevarew una attività di parrucchiera? grazie
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#3 schrieb Geby :alta hast du ein schaden nur weil die deutschen so schlecht sind musst du die niederländer nicht mit so einem scheiß kommentar anmachen….du bist hier vllt der ienzige müll….Antworten
æ„Ÿè¬å€‰æµ·å›è±å¯Œçš„補充。倉海å›å¦‚æ¤「悉知的自己為神」的大逆ä¸é“之說å¯è¦‹èˆ‡《ç´„ç¿°ç¦éŸ³》 10:34 ä¸è€¶ç©Œèªª:「ä½ å€‘çš„å¾‹æ³•ä¸Šè±ˆä¸æ˜¯å¯«è‘—æˆ‘æ›¾èªªä½ å€‘æ˜¯ç¥žéº¼?」耶穌這裡所指的律法為《詩篇》82:6 :我曾說:「ä½ å€‘æ˜¯ç¥ž (Elohim) ,都是至高者 (Elyon) çš„å…’å」。越看越懊惱,æœ‰ç¥žè«–è€…å¿…å› æ¤è€Œå€å˜†å¯æƒœ。我必得ä¸åŽå…¶ç…©çš„é‡ç”³ä¸Šè¿°æåŠçš„,åƒ「基ç£å¾’」å’Œ「神」這些都是æ•æ„Ÿçš„è©žå½™,å› è‘—å®—æ•™äººå£«éƒ½æœƒä»¥æœ¬ä½æ•™æ´¾æˆ–教會的特定教導去給予它們相當的狹義,使這些詞彙在宗教討論ä¸åæˆäº†è¨Žè«–éŽç¨‹ä¹‹éšœç¤™。(這是為何在éˆçŸ¥æ´¾çš„經典甚少看到「神」一å—之故,他們èªç‚º「神」一å—早已被當是得權的人士濫用了)在眾多近代基ç£æ•™æ•™æ´¾ä¸,我個人èªç‚ºåªæœ‰「耶穌基ç£å¾ŒæœŸè–徒教會」(摩門教)å°《ç´„ç¿°ç¦éŸ³》 10:34 耶穌說「ä½ å€‘æ˜¯ç¥ž」æ供較佳的詮釋,他們在神å¸ä¸æ—©å·²å°‡「神」一詞彙「平民化」,稱æ¤å—當ä¸åŒ…å«è‘—人來世å‰åŽŸä½œç‚º「éˆåéˆå¥³」之æ„,å³《ç´„ç¿°ç¦éŸ³》å‰æ–‡å¾Œç†ä¸çš„「神的兒å」,天父和æ¯åœ¨å¤©ä¸Šæ‰€ç”Ÿæˆ‘們的「å‰ç”Ÿ」,這與其創教者 Joseph Smith Jr. 醉心於猶太秘å¸å’Œç¥žæ™ºå¸ä¸ç„¡é—œä¿‚。最ä¸å ªçš„詮釋則æºè‡ªåŸºç£æ•™ç¦éŸ³æ´¾ä¸çš„æˆåŠŸç¥žå¸,他們引用æ¤ç¶“文純粹是為了自視為神的全能從而支æŒä»–們追求在世上無盡的æˆåŠŸå’Œè²¡å¯Œ。有神論者該ä¸æœƒå› æ¤è€Œç½·ä¼‘,在這裡他們感到被冒犯的,å°±æ˜¯é‚£åŽŸç‚ºè¢«é€ ç‰©çš„äººèˆ‡å‰µé€ ä¸»çš„「神」自命åŒç‰。這樣倉海å›æ‰€èªª「悉知的自己為神」ä¸çš„「神」或摩門教的「éˆåéˆå¥³」究竟是「å‰µé€ ä¸»」或是「è¢«é€ ç‰©」?「å‰µé€ ä¸»」與「è¢«é€ ç‰©」的二元å°ç«‹ä¹ƒæ˜¯æ²¿èˆ‡ç†æ€§ä¸»ç¾©çš„「å‰µé€ è«–」,å…¶ç†æ€§åƒ…在於實體化地相信一ä½çˆ¶ç¥žåœ¨å‰µä¸–首å…天用手é€ä¸€æ¨¡é€ 出å„天體和地上è¬ç‰©,ä¸¦ä»¥æ³¥å·´é€ äºº。在猶太教和早期基ç£æ•™å‰‡ä¸è¦‹é€™æ¨£çš„「å‰µé€ è«–」,他們主張的是å¤å‚³çš„「æµæº¢èªª」 (Emanationism) ,眾生æºè‡ªç¥žæ€§ä¸€æºæµæº¢ç…§å°„而「生」,就連當ä¸çš„一è‰ä¸€æœ¨è£¡é¢ä¹Ÿåˆ†äº«è‘—其神性,是血脈相連的一體和諧關係,所謂的「神」就是å°æ¤çœ¾ç”Ÿä¸€é«”之尊稱,å’Œå°æ¤ç¥žæ€§æµæº¢æ™ºæ…§çš„é Œæš,這就是那「èªè˜ä½ 自己」(被悉知)之鑰匙 — 眾人內在神性的覺醒。
Os meios-de-comunicação estão do lado da indústria automoblística, são comprados por ela. Além disso, fomentam a cultura do carro-mais segurança, status, presente de riquinho chegando aos 18-. Têm que dar espaço pras bikes, não fazer ciclofaixa pra passeio. É pra transporte a nova ideia da bicicleta nas cidades e melhor; não polui ou mata as pessoas.
[…] Presentemente, na capital, vemos um enorme investimento para construção de novas pistas para a Marginal Tietê a toque de caixa, em detrimento da aceleração da expansão do metrô, da construção de novos […]
Vaz, concordo em alguns pontos com você e discordo de muitos.
A Nova Marginal é tratada como o elixir do paulistano contra o trânsito, mas já não é de hoje que ela tem importância nacional. Assim como o Rodoanel, seu uso ocorre não só pelo transporte individual tão endemonizado em São Paulo, mas também para quem atravessa o Brasil e perde horas e recursos parados nela.
Já o modus operandi do sistema de fretado em SP, esse sim é um “salve-se quem puder”, um verdadeiro pinga-pinga em plena capital. A proibição está dentro de um sistema de regulamentação da área, que de fato não foi debatido com setores interessados.
Agora moto taxi concordo totalmente com você.
BION I’m imsdseper! Cool post!
Qué grato lo que narra Nela!Cuánta ternura emana su narrativa.Si. Son como hijos !Y a pesar de las trastadas que hacen se aman mucho.Me encantó!!!
Meu amigo Paulo, não te fazia também poeta sentido. Sabia que gostas das romarias mas não sabia que era assim tanto.Deste lado do atlãntico com um abraço Rui Carvalho
Cucciola mia,tu sei una mamma speciale perchè da sempre sei una donna speciale. Per ora nn ho altro da aggiungere!Anzi si,bravi RAGAZZI MIEI !!!! ;-))
U guys and gals will be regarded as ungrateful when u dont include BEPOW SO HANN……. Wesley Gals and co are maintaining records which was functioning some 15 years ago…… St Roses and ABuri are now the tops