Os grileiros da saúde em SP
O Pronto Socorro do Hospital Santa Marcelina, referência do SUS na zona leste de S. Paulo, está fechado para novos pacientes desde sábado (20/8), devido à superlotação e à falta de recursos para atendimento.
Para o governo estadual, no entanto, isto não parece problema. O governo estadual e sua base de apoio na ALESP preferem atuar como um bando de grileiros, que vende o que não é seu: a saúde dos pobres.
Tanto que segue vigente a Lei estadual paulista 1.131/2010, a Lei da Dupla Porta, que permite que leitos de hospitais públicos administrados por Organizações Sociais (OS) sejam comercializados junto a planos de saúde ou particulares. Ou seja, como já comentei aqui antes: o hospital, construído e financiado com dinheiro público, poderá ser explorado comercialmente por uma organização privada. Algo como se o governador me contratasse como motorista de seu veículo oficial, e deixasse que eu utilizasse o carro para fazer corridas como táxi nas horas livres. (Veja aqui meu comentário anterior sobre este assunto.)
Quem ganha com isso? As OS faturam um troco e os planos de saúde deixam de investir em hospitais para alugar leitos mais baratos, porque pagos com o dinheiro de um terceiro (o governo do estado), que não ganha nada com isso.
Agora, o pesquisador da FMUSP Mário Scheffer nos alerta que o governo estadual pretende ampliar a doação de leitos, aprovando lei que legaliza de vez a prática também no Hospital das Clínicas. Para Mário Scheffer, esse é o maior ataque ao SUS desde o famigerado PAS, do prefeito Maluf, no início dos anos 1990.
Enquanto isso, na Zona Leste, os pobres, em busca de um pronto-socorro, vagueiam como “cegos pelo continente”, carregando, como peninentes, as pedras do desprezo a que lhes submeteram. Sua saúde está à venda: os “grileiros da saúde” vendem o que não é seu, sem se importar com as consequências.
Parece que os assessores do governador e do Prof. Giovanni Cerri, ex-diretor da FMUSP e secretário estadual de saúde, não os informaram adequadamente sobre o problema do Santa Marcelina. Eles têm mais com que se ocupar: devem estar atarefados com a implantação da generosa política de apropriação privada de recursos públicos escassos em que se tranformou a saúde em São Paulo.
Tags:OS, Santa Marcelina, São Paulo, Saúde, SUS
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